"Showdown" é uma rubrica cujo objectivo será sempre analisar o trabalho de um artista ligado ao cinema a partir do meu gosto pessoal, sendo por isso subjectivo. Por isso, não levem a coisa demasiado a sério!
Percebo que o primeiro visado desta rubrica me fará ganhar vários comentários de desdém, porque é uma figura adorada em todos os quadrantes das minhas amizades. Ouvi já vários meninos e meninas, com a mania de que de tudo o que vem da América é mau, fazerem a ressalva de que só ele é a única coisa que se safa na mediocridade norte-americana. "Ele" é Tim Burton; e visto que estreou esta semana o seu novo "Dark shadows", a altura é excelente para saber se o realizador de cabelo desgrenhado é assim tão infalível quanto alguns o pintam.
Na primeira parte deste artigo, colocarei num top meramente de gosto pessoal (nunca é demais reforçar isto) os filmes realizados por Tim Burton, do pior para o melhor. Um apontamento: "Nightmare before Christmas" não conta para esta contagem, pois NÃO foi realizado por Burton. Sim, todo ele é a visão do gótico norte-americano, mas o homem atrás da câmara dá pelo nome de Henry Selick.
15 - "Alice in the wonderland"
Tenho um enorme respeito pelo trabalho de Tim Burton. Ele consegue ser, em simultâneo, um excelente poeta visual e também alguém com uma sensibilidade para criar fábulas consistentes e muitas vezes emocionantes. Associá-lo ao mundo de Lewis Carrol parece apenas ser natural. É por isso que se torna uma enorme desilusão ver o resultado final deste filme, uma mistura incoerente dos maus tiques de Burton com as necessidades de um filme de estúdio que necessita de determinados momentos (nomeadamente a nível da acção) que se tornam absolutamente dispensáveis. O argumento tenta focar a história no crescimento pessoal de Alice (e Mia Wasikowska agarra bem o papel), mas perde-se em conspirações nos corredores reais e bizarrias que são apenas isso. Nem Johnny Depp se salva e salvo um ou outro bom momento de delírio visual, este é, e a boas milhas, a pior obra de Burton: pleno de visuais, zero de consistência dramática.
14 - "Planet of the apes"
Não se pode dizer, como muitos fãs argumentam para desculpar o falhanço, que esta obra não tem nada de Tim Burton. Ela tem tudo: um outsider num mundo que o persegue; monstros humanizados; romances proibidos entre freaks; e no entanto, é uma obra confusa, com um fraco protagonista e trocando o que poderia ser um excelente ponto de partida para questões existenciais (coisa que o futuro "Rise of the planet of the apes" faz bem) num desfile para as criações, embora magníficas, de Rick Baker. É visualmente excelente, mas não está sequer interessado em abordar óbvios pontos de vista políticos e sociais, entretendo-se mais em distinguir tipos de macacos. Bons actores cruzam-se com maus, e o argumento não dá a ninguém grande coisa que fazer. É um filme com muito bom aspecto, mas burro, que é coisa que Tim Burton não é. E o que é aquele final?
13 - "Pee-wee's big adventure"
12 - "Beetlejuice" - "Beetlejuice" é um filme altamente divertido e tem um dos melhores personagens da galeria de Tim Burton. Michael Keaton tem provavelmente o melhor papel que já lhe deram e injecta tanta diversão e criatividade naquele personagem que é difícil lembrarmo-nos que este só aparece em vinte e pouco minutos do filme. No entanto, quando aparece, deixa a sua marca de tal maneira que eleva a obra a outro nível. "Beetlejuice" tem outros excelentes actores (Alec Bladwin, Geen Davis, Winona Ryder) e uma história curiosa, em que dois fantasmas têm de aprender a assombrar a sua anterior casa para se verem livres dos donos, No entanto, fica-se sempre com a sensação de que até Beetlejuice entrar em modo de domínio completo, e a verdadeira loucura começar, a obra coxeia um pouco até ao grande salto final.
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